De Mandalay para Bagan de barco
Rio Irauádi.
Existem algumas opções para viajar entre Mandalay e Bagan. Você pode escolher entre ir de avião, ônibus, trem, carro com motorista… ou de barco.
Rio Irauádi e as pontes Ava e Yadabano (Nova Ava), próximas à Mandalay
Optamos por ir de Mandalay para Bagan de barco, descendo o Rio Irauádi. Foi uma experiência diferente, memorável e muito relaxante.
Águas calmas do Rio Irauádi
Quando ir
As monções no Myanmar começam no final de maio e costumam ir até setembro ou outubro, aumentando muito o nível da água do Rio Irauádi.
Então, a melhor época para ir de Mandalay para Bagan de barco, é no período seco e um pouco mais fresco, entre novembro e fevereiro. A partir de março as temperaturas sobem drasticamente e o nível do rio fica muito baixo para uma navegação mais segura.
Nível baixo da água, em fevereiro, na época da seca
A nossa viagem foi feita em fevereiro. As águas do rio já haviam baixado bastante e vimos muitos bancos de areia no meio do rio. O risco do barco encalhar nesta época é bem maior, pois apesar de parecer ser um rio calmo, a correnteza do Irauádi é forte, e isto faz com que os bancos de areia mudem de lugar com frequência.
Banco de areia no Rio Irauádi
Percebemos que o nosso barco dependia de uma técnica meio rudimentar para a navegação, mas que funcionou bem. O método consistia em colocar uma vara comprida dentro do rio. O homem, que ficava sentado na proa, então gritava as instruções para o capitão do barco e íamos fazendo um zig zag, rio abaixo, fugindo dos bancos de areia. Não sei se o nosso barco dependia apenas desta informação para escolher o trajeto que seguíamos ou se também utilizava algum aparelho mais moderno, mas seja lá o que for, a verdade é que chegamos ao destino sem nenhum problema.
Como foi a nossa experiência pelo Rio Irauádi
Já tínhamos combinado com um taxista para nos pegar no hotel de Mandalay, às 6h00, e nos levar até o porto. Ficamos um pouco assustadas quando vimos a situação do local de embarque. Mas logo vimos outros turistas e ficamos mais tranquilas. Para embarcar, tivemos que passar de um barco para outro e para outro, até chegarmos no nosso.
O local de embarque é muito básico
No interior do barco tinha assentos estofados, mas percebemos que ninguém estava ficando ali. Fomos para o deck e escolhemos o nosso lugar, em assentos de vime, bem menos confortáveis, mas com uma vista bem melhor. Ainda bem que chegamos cedo, pois deu pra perceber a cara de desapontamento de quem chegou mais tarde e não conseguiu mais os lugares no deck.
Reparem nas cadeiras de vime do deck
Partimos com uma vista linda do nascer do sol. A maioria dos outros passageiros eram turistas europeus. Enquanto alguns dormiam, outros aproveitavam para fotografar. Logo serviram o café da manhã. Café à vontade, um ovo cozido, um croissant e uma banana para cada.
Nascer do sol na partida
No início do dia chegou a fazer bastante frio. Entregaram umas cobertinhas que ajudaram bastante. Mas na volta do dia, já fazia muito calor.
Para o almoço pudemos escolher entre “fried noodle” ou “fried rice”. Foi simples, mas gostoso. Garrafinhas de água era a vontade. Qualquer outra coisa, como refrigerantes, cervejas ou saquinhos de salgadinhos tinham que ser comprados no bar.
A viagem durou um pouco mais de 10 horas.
A chegada em Bagan
Ainda de dentro do barco, vimos alguns templos na nossa chegada, mas nada muito especial, se comparado com os templos que vimos depois.
Alguns templos de Bagan, vistos de dentro do barco
O desembarque foi meio surreal. O barco não tinha um local para atracar. Vimos uma movimentação na beira do rio e umas pessoas colocando umas tábuas, que eram presas com sacos de areia.
Uma “pinguela” para descer do nosso barco
Mais bizarro ainda foi perceber que o corrimão seria um bambu, segurado por dois homens. Nós descemos por ali, naquela “pinguela” pouco segura, com um corrimão humano e morrendo de medo de cair no rio, ou pior, deixar a mala cair e molhar nossos computadores, câmeras, telefones e etc. O prejuízo seria tremendo. Mas no final deu tudo certo e foi até divertido!
Corrimão de bambu
Já do lado de fora, uma pequena multidão de taxistas tentavam pegar os turistas a todo custo. Combinamos com um e ele já saiu segurando a nossa mala e correndo na frente, com medo que desistíssemos. Entramos no táxi e andamos menos de 100 metros até o local onde cobram a entrada para visitar Bagan.
Esta entrada é cobrada de qualquer forma que você escolha chegar na cidade. Pode ser via aérea, terrestre ou fluvial. Tem que pagar! O preço é o mesmo para todo mundo. São 25.000 kyats por pessoa.
O Rio Irauádi
O Rio Irauádi é o maior e mais importante rio do Myanmar. Ele divide o país entre leste e oeste e é navegável por mais de 1.600 km.
Deu pra perceber que é uma via fluvial bastante movimentada. Vimos canoas e barcos de vários tamanhos e utilidades. Muitas vezes, este rio é a única forma de transporte disponível para as pessoas que moram na região.
Movimento de barcos
E canoas
Mas o Irauádi também tem um propósito comercial. É uma das principais formas de transporte de produtos do país e, principalmente nos últimos anos, com a abertura do país para turistas, este rio é responsável por uma grande parcela da renda proveniente do turismo. O número de cruzeiros que sobem e descem o Irauádi, muitas vezes de luxo e caríssimos, vem aumentando muito.
Madeira para ser transportada por barcos
Cruzeiro no Rio Irauádi
Nas margens do rio avistamos um incontável número de templos e muitas aldeias.
Alguns dos muitos pagodes que vimos nas margens do Irauádi
Mais um templo e um Buda gigante
O Rio Irauádi e os locais
Vimos mulheres lavando roupas, crianças nadando e se divertindo, pescadores jogando suas redes, búfalos se refrescando nas águas ou puxando as madeiras que são transportadas pelo rio.
Lavando roupas no rio
Búfalos e crianças se refrescando juntos nas águas do Irauádi
Canoa de pescadores
Locais pegando o transporte fluvial
Também vimos muitos carros de boi, carregados com galões de água que irão abastecer os barracos daquelas pessoas.
Cena recorrente no nosso trajeto
O carro de boi é levado para dentro do rio
Dizem que suas águas esverdeadas, ficam da cor de chocolate na época das chuvas.
As águas esverdeadas do Irauádi se misturando com o Rio Chindwin, o seu maior afluente
Também dizem que elas são geladas, pois o Irauádi é alimentado por nascentes do Tibet e geleiras do Himalaia.
A maioria das terras agrícolas do Myanmar são encontradas ao longo do Irauádi. Durante a estação da seca os bancos de areia do rio ficam expostos, dificultando a navegação.
Com a monção, as suas margens ficam inundadas e voltam a ganhar vida, reabastecendo o país com água, peixe e solo fértil para a plantação de arroz.
Plantação de arroz nas margens do Irauádi
Foi maravilhoso ficar observando o modo de vida daquelas pessoas simples, mas muito simpáticas. Alguns chegaram a acenar de suas canoas, quando percebiam que estavam sendo fotografados.
Os birmaneses são muito simpáticos
On the Road to Mandalay
O Rio que é “a estrada para Mandalay”
O Rio Irauádi é conhecido como “a estrada para Mandalay”. Este apelido vem da música de Frank Sinatra, “On the road to Mandalay”, que, na verdade, é uma adaptação do poema intitulado Mandalay, de Kipling.
Este poema já inspirou filmes, musicais e outras músicas, sendo que a adaptação mais recente é a música de Robin Williams, chamada apenas “The road to Mandalay”.
Como comprar uma passagem para ir de Mandalay para Bagan de barco
Existem muitas empresas que fazem cruzeiros pelo Rio Irauádi, mas o trajeto mais simples, que vai sem parar, é a empresa MGRG que faz.
No website deles não é possível fazer reservas online. Tem um email de contato, mas nós preferimos deixar para resolver tudo em Mandalay mesmo.
Perguntamos na recepção do nosso hotel, o H1, e eles ofereceram para comprar as passagens para nós. Disseram que o preço era 54.500 Kyats por pessoa.
Não sei se o preço era realmente esse em Kyats, pois no website fala apenas o preço em dólares, USD 42. Mas pela cotação do dia, acho que foi bem razoável. Aceitamos, e no final do dia nos entregaram os nossos tickets.
Quanto custa para ir de Mandalay para Bagan de barco
O trajeto de Mandalay para Bagan de barco, custa USD 42, com a MGRG.
Caso você decida por fazer o trajeto inverso, de Bagan para Mandalay, o preço cai para USD 32 por pessoa.
Crianças até 3 anos, não pagam. De 4 a 10 anos pagam a metade e a partir de 11 anos pagam o valor total.
O preço inclui café da manhã, almoço e água.
Um bar vende refris, cervejas, frutas e salgadinhos.
Horários
Nossa passagem dizia que o check in seria a partir das 6h30 e que iríamos partir às 7h00. Saímos pontualmente no horário e chegamos em Bagan um pouco antes das 17h30.
O Rio Irauádi corre do norte para o sul de Myanmar, até desaguar no mar de Andaman. Portanto, se você fizer o mesmo trajeto que nós, de Mandalay para Bagan, a correnteza do rio vai ajudar e o trajeto vai ser um pouco mais rápido.
A rota inversa, rio acima, demora um pouco mais. O barco sai de Bagan às 5h30 e chega em Mandalay por volta das 17h30. Talvez seja por isso que a rota de Bagan para Mandalay seja um pouco mais barata.
Valeu a pena ir de barco
Este trecho, se feito de ônibus, teria saído bem mais barato. Umas 4 vezes mais barato.
Mas valeu a pena pagar mais caro para ir de Mandalay para Bagan de barco? Na minha opinião, sim.
Viajamos bastante de ônibus pelo Myanmar e, tirando a estrada principal entre Yangon e Mandalay, que é duplicada, as outras são muito perigosas. Alguns trechos são cheios de curvas e despenhadeiros e os motoristas são completamente malucos e sem amor à vida.
Ao final de uma viagem, estávamos sempre cansadas e estressadas com as muitas experiências de ver a morte tão de perto.
Mas a nossa experiência de viajar pelo Rio Irauádi não poderia ter sido mais diferente. Foi muito relaxante passar um dia inteiro dentro de um barco, vendo a paisagem passar bem devagar por nós.
Então, com certeza, valeu a pena ir de barco e eu iria de novo!
Um dia muito agradável, vendo a vida do rio
!steemitworldmap 21.293677 lat 95.033725 long Pelo Rio Irauádi de Mandalay para Bagan. d3scr
gostei das dicas.
Que bom @thorsss! Obrigada por comentar. :)
como sou ignorante, nunca tinha ouvido falar nesse Rio Irauádi
Antes de ir para o Myanmar, eu também não tinha, @videoaulas!
:)
Bem interessante essa viagem de Mandalay para Bagan.
Está na minha lista! Gostei bastante!
:)
Foi uma delícia @moedasdigitais! Vale a pena!
Parabéns, seu post foi votado e compartilhado pelo projeto Brazilian Power, cuja meta é incentivar a criação de mais conteúdo de qualidade, conectando a comunidade brasileira e melhorando as recompensas no Steemit. Obrigado!
Valeu!
Essa parte do corrimão de bambu achei sensacional!
pensei o mesmo!
hahaha... deu um medinho de usar, mas achei tudo muito divertido!
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