Como é viver na Colômbia? Saúde e Segurança Social

in #steempress6 years ago

O sistema de saúde colombiano é administrado majoritariamente pelo setor privado. Não há um "SUS" como no Brasil que em teoria cubra todos os serviços de saúde para toda a população. Todo cidadão colombiano precisa se afiliar a uma EPS (Entidad Promotora de Salud, uma asseguradora de saúde) ou ao Sisbén (Sistema de Selección de Beneficiarios Para Programas Sociales). É importante frisar que mesmo pelo Sisbén e mesmo utilizando os serviços de um hospital público, você será cobrado. Público aqui não é sinônimo de gratuito.

Basicamente todo colombiano precisa ter um plano de seguro de saúde privado, pago mensalmente, seja como pagante ou beneficiário. O pagamento é dividido entre o empregador e o empregado, caso a pessoa esteja empregada. Trabalhadores autônomos precisam arcar com o custo integral da mensalidade. Além da mensalidade, alguns serviços como consultas e remédios geram uma "cota moderadora" que precisa ser paga antes de ser atendido. O valor da mensalidade e da cota moderadora varia conforme a renda declarada no momento da afiliação. EPS As EPS são asseguradoras, e não necessariamente prestam os serviços médicos em si: é comum que elas somente cubram financeiramente parte dos serviços, e que o serviço de saúde seja efetuado por uma IPS (institución prestadora de servicios de salud) que é uma clínica ou hospital propriamente dito. As EPS mais bem estruturadas tem convênios com os melhores hospitais, ou mantêm elas mesmas suas próprias IPS. Como o preço da mensalidade e das cotas moderadoras é definido por uma fórmula imposta pelo governo, ele não varia entre as EPS, e por isso a maioria das pessoas simplesmente prefere se afiliar às melhores: Sura, Compensar e Sanitas. Planos: POS, complementario e prepagada Este plano obrigatório que mencionamos é chamado de POS (Plan Obligatorio de Salud) e cobre os serviços mais básicos de saúde, como consultas com clínico geral, especialistas e exames. A cobertura é até bastante abrangente, e uma lista completa dos serviços cobertos pode ser consultada neste link do Ministério da Saúde. O valor da mensalidade da segurança social completa (EPS, ARL e Aposentadoria) é complexo de calcular, mas normalmente está ao redor de 12% do seu salário. Levando em consideração o salário mínimo vigente à época em que redatei este artigo, que é de $737.717 ou R$995,92, o valor mensal é de aproximadamente R$119,51 mensais. Então se você recebe o equivalente a 2 salários, seriam R$239, e se recebe o equivalente a 3, R$358,53. Além do POS, existe o plano complementar (Plan Complementario) que pode ser contratado da EPS também. Ele é pago adicionalmente ao POS e o seu preço também varia conforme a renda declarada no momento da afiliação, e se o beneficiário está afiliado à caja de compensación ou não. Veremos o que é a caja mais adiante. Os planos complementares normalmente oferecem acesso a melhores hospitais, com menos fila e tempo de espera, visita médica domiciliar 24 horas por dia, entre outros benefícios. Se você tem condições de pagar por ele, é um bom investimento. Além da afiliação aos planos de saúde das EPS, também existe uma modalidade chamada medicina prepagada (pré-paga), que é a mais cara de todas e a que oferece os serviços mais rápidos e as melhores instalações. O custo oscila entre $120.000 e $360.000 mensais. Os principais fornecedores dessa modalidade são AXA Colpatria, Sura, Colsanitas, Colmedica e Coomeva. Algumas empresas, como a Emermédica, são especializadas em serviços médicos domiciliários e serviços de ambulância. ARL As Administradoras de Riesgos Laborales são empresas asseguradoras especializadas em riscos ocupacionais. Elas cobrem os custos gerados por acidentes de trabalho e doenças ocupacionais. O valor é 100% coberto pela empresa que contrata o trabalhador a menos que ele seja um prestador de serviços independente, em cujo caso o pagamento corresponde ao trabalhador. Os prestadores mais comuns são AXA Colpatria, Bolívar, Colmena, Equidad, Positiva. Curiosidade: a Equidad seguros também tem um time de futebol aqui na Colômbia, o Club Deportivo La Equidad. Caja de Compensación Familiar São entidades de segurança social multifuncionais, e que recebem 4% do valor de todas as prestações sociais pagas pelo trabalhador. Uma das suas funções principais é a administração do seguro-desemprego, mas estas instituições também podem oferecem serviços financeiros, educacionais, esportivos e até turísticos. Boa parte delas só oferecem serviços para os afiliados e seus beneficiários, ou oferecem para eles os descontos mais atrativos, incluindo para serviços de saúde e bem-estar. As cajas mais utilizadas são CafamColsubsidio, Comfenalco e Compensar. Mas afinal, é bom ou ruim? A qualidade do sistema de saúde colombiano em comparação ao brasileiro é um tema de debate, pois depende muito do local de onde você vem e como funciona o SUS na sua região. Eu nasci e cresci na zona norte de Porto Alegre, bairro Sarandi, e para mim a experiência do atendimento do SUS no bairro sempre foi muito ruim: era necessário madrugar para ir fazer fila no posto de saúde e ver se conseguia pegar "ficha" para uma consulta no dia. Frequentemente as fichas de atendimento esgotavam antes da fila acabar. Conseguir consulta com especialista demorava meses, sempre no plural. Já para urgências sempre recorri ao Grupo Hospitalar Conceição: a demora no atendimento era um problema crônico, mas a qualidade do atendimento nunca deixou a desejar. Levando esse histórico em consideração, o sistema de saúde colombiano me parece muito mais eficiente que o nosso na parte das consultas com clínico geral, especialistas, controles, etc. e um pouco melhor em outras áreas de apoio como a higiene das instalações, a modernidade do equipamento e as áreas de espera. Há brasileiros que acham o contrário. O que mais choca é a necessidade de pagar por quase tudo, embora normalmente as quantias sejam simbólicas e ninguém saiba, de fato, quanto paga pelo SUS. Eu particularmente nunca vi nos hospitais onde fui o que vemos no Brasil: filas e filas de pessoas sentadas ou deitadas no chão esperando atendimento de urgência ou hospitalização. Dizem que nos hospitais do Sisbén é assim, mas nunca fui para saber. Eu particularmente acho até injusto querer comparar o sistema de saúde das EPS colombianas com o SUS brasileiro, pois são muito diferentes entre si não só em como são administrados, mas também em como são financiados. Tanto hospitais públicos como privados atendem os afiliados do Sisbén e de qualquer EPS privada, a diferença sendo unicamente como o seu tratamento é financiado. Meu padrão de comparação é o seguinte: os planos de saúde privados mais baratos no Brasil custam no mínimo R$150 por pessoa, na Colômbia com $90.000 (R$120) você cobre seu cônjuge e seus filhos menores de 21 anos. Não temos a menor ideia de quanto pagamos pelo SUS. Então o sistema colombiano é o melhor para o paciente médio que está fazendo consultas regulares de controle, ou tem alguma doença comum, mas o benefício é maior no brasileiro para quem depende de serviços mais caros ou emergenciais (cirurgias, remédios, tratamentos), quando eles estão disponíveis é claro.

Posted from my blog with SteemPress : http://renandossantos.com/pt/como-e-viver-na-colombia-saude-e-seguranca-social/

Coin Marketplace

STEEM 0.16
TRX 0.15
JST 0.028
BTC 58702.17
ETH 2301.76
USDT 1.00
SBD 2.46