[Portuguese Version] Artigos Científicos Aleatórios - Um Motor de Carro Enterrado Dentro de uma Pirâmide no Egipto - uma comparação

in #science5 years ago


Posts anteriores da série:
1 - Evidência de um limite para a vida humana
2 - A Importância da Estupidez na Investigação Científica
3 - O Paradoxo da Dieta
4- Síndrome de Húbris: Como o Poder Corrompe
5- A Armadilha de Tucídides: O Próximo Confronto de Civilizações


Olá a todos!

Para ficar claro, não foi encontrado um motor de um carro dentro de uma pirâmide do Egipto!

A descoberta de que vou falar, feita em 2010, é comparável a uma que representaria a descoberta de um motor de um carro no interior de uma pirâmide egípcia, se quiséssemos fazer uma comparação com a história humana.
Sei que afirmar que foram encontradas grandes colónias de organismos com crescimento coordenado em ambientes oxigenados com 2,1 mil milhões de anos não parece tão cativante do que afirmar que foi encontrado um motor numa pirâmide, mas eu explico.

A terra formou-se há 4,6 mil milhões de anos, mas nos primeiros cem milhões de anos era apenas uma bola incandescente e sem forma. Os primeiros seres vivos, seres unicelulares muito simples como bactérias, surgiram "rapidamente", há 3,8 mil milhões de anos.

Para além de simples seres unicelulares, como bactérias, chamados procariontes, nada de novo foi encontrado nos 2,2 mil milhões de anos seguintes. Há 1,6 mil milhões de anos, aparecem então os seres vivos eucariontes, sempre seres unicelulares, mas desta vez mais complexos e com núcleo.

Imaginem-se então as repercussões da controversa descoberta de Abderrazak El Albani, que mostra que seres multicelulares de tamanho macroscópico, já existiam há 2,1 mil milhões de anos, ou seja, 1,5 mil milhões de anos antes dos primeiros organismos multicelulares conhecidos, e até 500 milhões de anos antes dos primeiros organismos unicelulares conhecidos com núcleo!

El Albani relata a descoberta de estruturas do tamanho de centímetros numa formação de xisto negro de 2,1 mil milhões de anos no Gabão, que ele interpreta como colónias de organismos altamente organizadas e espacialmente discretas.

Amostra in situ de um macrofóssil

Para El Albani e sua equipa, não foi fácil lutar contra ideias preconcebidas porque os cientistas são por vezes demasiado formatados pelo que lhes foi ensinado nos manuais ou livros de referência. É claro que todos precisamos de conhecimento, mas também precisamos, paralelamente a esse conhecimento adquirido, de curiosidade e sentido crítico.

Foram necessários 2 anos de verificação para que o artigo que descrevia esta descoberta notável fosse publicado na prestigiosa revista científica Nature. Foi preciso perseverança e, acima de tudo, mente aberta.

Os fósseis simplesmente estavam ali, à espera de serem conhecidos.


Bibliografia:

El Albani, A., Bengtson, S., Canfield, D. E., Bekker, A., Macchiarelli, R., Mazurier, A., ... Meunier, A. (2010). Large colonial organisms with coordinated growth in oxygenated environments 2.1 Gyr ago. Nature, 466(7302), 100-104.

Imagem de capa: adaptado de huffingtonpost.com

Até à próxima,
Legman

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