Quero
Quero remexer mares com os meus frágeis dedos,
Não quero que grandezas sejam manias,
Quero que sejam as vastidões por quais caminho
Porque o mundo é grande e é grandeza
E a vida é um caminho que o lavra, o rasga e o reúne
E somos nós que fazemos caminhos,
Com os nossos pequenos pés,
As nossas filigranas articulações
Os abraços das nossas células.
Quero que os meus maxilares se despeguem,
Não para me empaturrar de carnes tóxicas,
Mas para que a chuva me encha mais depressa,
E se torne, em mim,
No oceano que é lá fora,
Que me torne da célula ao cérebro, um só com as águas infinitas.
Não quero ser uma caravela grandiosa,
Não quero identidades, nem ornamentos, nem orgulhos,
Mas quero sim, com todas as paixões que o meu pequeno corpo embarca,
Um vela extensa para me encaminhar os ventos,
os ciclones, pelas ondas fora.
E se for para o vento me rebentar,
Que me desmealhe e propulcione em mil faúlhas luzentes.
Abro os olhos, porque quero abocanhar os mil sóis que nos rodeiam,
Encher-me de luz
E abro-os na noite,
Porque quero prescrutar as sombras e desenterrar as águas estagnadas,
Lambê-las de luminosidades frescas
Quero ouvir gritadas as palavras,
Aquelas que as vozes mansas nos sussuram no sono
Sussurros que nascem na barriga dos nossos ouvidos,
E nos guiam nos silêncios.
Quero conhecer os vazios,
Por entre eletrões e moléculas e palavras e pensamentos,
Mergulhar nos abismos de onde vêm todas as coisas
E descer e subir a escuridão impregnada de luz,
Onde dois se tornam um
Onde a grandeza é pequena
Onde o nada é o tudo.
Imagens:
Artistaday.com
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Thank you exxodus, although I can say: obrigado - parece saber português bem o suficiente ;)
Muito bonita a poesia. Um palavreado rico e bem montado. Gosto bastante de poesia, e realmente essa poesia me fez parar para refletir um pouco. Muito bom. Obrigado.
Fico feliz, obrigado e um abraco matheusggr