Essa é a premissa de The Purge, e não parece se sustentar contra a natureza humana. Algumas horas por ano seriam suficientes para satisfazer os anseios dos mais violentos entre nós e mantê-los sob controle durante um ano inteiro? Os crimes de paixão ainda não seriam um problema? Como isso poderia funcionar no mundo real?



© 2013 - Universal Pictures


Aqui está a coisa: é inteiramente possível que isso não funcione mesmo no mundo do The Purge. Pois nós experimentamos tudo aqui, Purge Night 2022, através dos olhos e ouvidos da encantadora família americana Sandin, que vive aparentemente muito abrigada em um subúrbio suburbano de alto nível. A notícia flui para o seu McMansion decorado com bom gosto através de suas TVs widescreen, material de radiodifusão que parece estar quase totalmente sob a alçada de uma liderança chamada "New Founding Fathers", defendendo uma filosofia que poderia ser chamada de piedosa apenas em um Antigo Testamento. A América está sob alguma forma de ditadura cristã fundamentalista, e se não podemos acreditar no que vemos na TV agora, qual a probabilidade de a TV estar falando a verdade nesta torcida 2022 dos EUA?



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Aqui está outra coisa: plausível ou não, com esse vaidoso escritor e diretor James DeMonaco (que escreveu Assault on Precinct 13 e The Negotiator ) encontrou um prisma através do qual fazer algo extraordinário com o gênero. É o tipo de coisa que os filmes de terror deveriam fazer, mas raramente conseguem: em vez de ceder às nossas naturezas mais baixas, The Purge nos faz questionar a propensão humana à violência; em vez de se deliciar com sangue e sangue, The Purge nos obriga a explorar nossa relação com a violência, tanto como indivíduos quanto como sociedade.



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Também nos faz olhar de novo, e desconfiadamente, em convenções de horror cinematográfico. Quando ouvi pela primeira vez sobre a premissa do filme, temi que não servisse a nenhum propósito maior do que isolar a família... Pois como do The Purge, todos os serviços de emergência estão suspensos, então não há como ligar para a polícia e não há cavalaria possível vindo em seu socorro. Mas ao contrário de outros filmes de invasão de casas, que contam com a nossa enorme simpatia pelas vítimas, porque eles simplesmente não merecem isso e porque o que eles estão suportando é Just So Wrong, que não pode ser um fator aqui, ou pelo menos não no mesmo caminho. Não é só o que acontece com os lindos, bonitos e ricos Sandins que não são aleatórios, é sancionado. A moralidade demente do mundo na tela nos insulta. Todos os filmes de terror nos asseguram, em um profundo nível não dito, que é "bom" desfrutar do assassinato e do caos que eles nos apresentam, então por que é claramente desconfortável quando um filme explicitamente declara: "Isso é permitido. Isso é permitido. Isto é, até bom, decente e patriótico ”. Todo ato de violência que testemunhamos aqui, como o gênero vai, não é excessivamente sangrento ou gráfico, na verdade, tem que ser reconsiderado à luz de seu contexto. Atrevo-me a adivinhar que os fãs de horror, mesmo graves não se encontraram anteriormente ponderando assim confusamente apenas como eles deveriam estar reagindo ao que veem. Nós não temos que aceitar a moralidade deste mundo, e eu me preocupo com alguém que tenha, para aceitar que os personagens estão operando em um contexto diferente do que nós estamos em nosso mundo, o que não é o caso de qualquer outro horror.

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The Purge dificilmente é um filme profundamente pensativo, mas há uma discussão entre os Sandins sobre a diferença entre legalidade e moralidade, particularmente entre a mãe Mary e o filho pré-adolescente Charlie, cujo típico pensamento neste mundo se estende a não gostar da idéia de ser capaz de matar pessoas com a bênção, neste caso literalmente, dos poderes constituídos. (A filha adolescente Zoey [Adelaide Kane] apenas faz beicinho porque o expurgo é tão chato, uma dica arrepiante de que, com mais alguns anos, Charlie poderia sentir o mesmo.) É a rebeldia de Charlie que dá início ao enredo, quando ele abre a casa de Sandin para fazer entrar um estranho que está sendo caçado pelas ruas porque ele é pobre e desabrigado, e assim considerado particularmente apenas uma presa, o que torna o alvo Sandins Purge que eles não teriam sido. Pois os caçadores do homem exigem que a família o entregue, para que não neguem aos caçadores os direitos da Purge Night.

E é aí que The Purge começa a ficar realmente interessante, adicionando em camadas de sátira surpreendente da cultura de violência da América. Purge Night é uma extrapolação extrema das peculiares noções americanas sobre "segurança" e "autodefesa", The Purge é "uma saída legal para a ira americana", nos diz um locutor de TV, e é "nosso dever como americanos" participar , alguém diz, ou pelo menos para apoiá-lo (como fazem os Sandins). Papai James Sinistro ganhou a fortuna da família, na verdade, vendendo sistemas de segurança doméstica como o que protege, supostamente, sua própria casa. Quando James reclama que “coisas como essa não devem acontecer em nossa vizinhança”, não é apenas o grito de uma vítima aterrorizada que não tem a mínima ideia de acreditar que dinheiro e uma boa casa o protegem de coisas ruins. É parte do confronto direto do filme com a violência e a raiva, o privilégio e a ilusão dos americanos.



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Eu não quero arriscar vender o filme comparando-o a filmes melhores, mas o refinamento das convenções de gênero me lembrou de The Cabin in the Woods , e de fato uma exibição de outro filme de invasão em casa depois que eu vi isso confirmou que Vai ser difícil bater The Purge no subgênero, elevou o nível, alto. E isso me lembra, também, do livro The Handmaid's Tale, as atitudes americanas sobre violência e segurança pública são o que o outro filme representou para as atitudes da nação em relação à sexualidade das mulheres. Minha principal queixa com The Purge é que deixa muito sem resposta sobre sua futura sociedade e abre muitas perguntas. Há muito mais para explorar aqui.

Gênero: Horror, Suspense
Exibição: 2013
5,7/10

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