As Luzes da Cidade - Capítulo 01
Dizem que antes dos 30 anos devemos escrever um livro.
Sendo assim, resolvi escrever o meu em formato digital e publicar os capítulos como posts.
É segunda-feira, 3:00 horas da manhã, acordo com você na cabeça, pensando no dia que nos conhecemos. Você estava com aquele vestido azul claro que tanto adora, uma faixa no cabelo, um par de brincos de pérola e uma sapatilha branca. Bati o olho em você e logo pensei “ tenho que conhecer essa garota! ”.
Era uma manhã bem agradável, você estava no parque deitada na grama, embaixo de uma árvore lendo seu livro favorito quando me sentei ao seu lado e perguntei seu nome, você me olhou com um sorriso tímido e respondeu, meio sem graça:
– Alice.
Me encantei mais ainda com seu sorriso e seu jeito. Ficamos conversando ali por pouco tempo, pois eu precisava ir para o trabalho. Nos despedimos e seguimos nossos caminhos, mas prometemos nos reencontrar, se o destino nos permitisse isso.
Às 6:00h, o despertador toca e eu, ainda acordado, me levanto para ir trabalhar. Coloco meus chinelos e vou para o banheiro, me olho no espelho e esfrego minhas mãos nos olhos para tirar a cara de sono. Tomo meu banho, escovo meus dentes e vou para o guarda-roupas escolher o que vestir nesse dia frio, visto uma calça jeans, uma camisa social, um suéter e um blazer. Volto para o banheiro arrumar o cabelo e me imaginando onde poderia estar caso tivesse tomado outras decisões na minha vida. Vou para a cozinha e faço meu café, esquento os pães na torradeira e aproveito para entrar nas redes sociais e ver o que foi postado na noite anterior.
– Ping! O café ficou pronto e as torradas também.
Passo uma geleia de morango nas torradas e acrescento 2 colheres de açúcar no meu café, isso é o suficiente para eu tomar um café da manhã.
Olho no relógio e vejo que já são 7 horas, preciso sair de casa. Levanto, coloco a xícara com a colher na pia, pego minha bolsa em cima do sofá e saio para o trabalho. Tranco a porta e vou para o elevador, lá encontro meu vizinho, o Sr. Josias, que faz a mesma pergunta todas as manhãs:
– Será que vai chover hoje?
Respondo com um gesto de que não tenho certeza e ficamos em silêncio. Vou até o subsolo para pegar minha bicicleta e ir trabalhar. Pedalo pelas ruas de São Paulo em direção ao escritório pensando em tudo o que se passa na minha vida, se estou fazendo as coisas da maneira certa, se estou feliz no meu emprego, na vida amorosa, comigo mesmo, meus amigos…. Meus pensamentos estão tão focados que nem vejo mais o caminho que faço, é tudo muito automático e já virou uma rotina que, sinceramente, preciso mudar.
Chego no trabalho sempre adiantado, pois não pego o trânsito que o restante dos funcionários que vêm de carro. Guardo minha bicicleta na portaria do prédio, cumprimento o segurança e a recepcionista com um sorriso e um “- Bom dia”. Vou para os elevadores e aperto o botão para subir, quando o elevador chega, vou para o 12º andar, onde fica o meu escritório. Cumprimento a recepcionista da empresa e vou para a minha mesa me ajeitar e ligar o computador. Enquanto isso vejo se chegou alguma mensagem no celular, nenhuma. Desligo a tela frustrado e coloco o celular em cima da mesa. Me viro para o computador, faço meu login e abro meu e-mail. Cobrança, reuniões, metas e mais cobrança, isso que dá trabalhar num emprego que você não gosta, não que a área seja ruim, mas os donos da empresa que me fazem querer desistir dessa vida.
Olho no cronograma o que precisa ser feito hoje e começo os trabalhos.
Ligação para um cliente, envia um e-mail para o chefe, ligação para outro, agenda reunião e assim vai seguindo a rotina da manhã.
12:00h, o despertador do celular toca e sei que é o horário do almoço.
Pauso todo o meu trabalho, pego o celular e vou até o restaurante que tem ao lado do escritório, todos os funcionários de lá já me conhecem e me cumprimentam. Faço meu prato e enquanto almoço, mais uma vez, fico no celular vendo as redes sociais. Termino meu prato, levanto e vou para o caixa. Como já é de costume, pago a conta e pego um chocolate para, como dizia meu avô, “adocicar a vida” e volto para o escritório tirar uma soneca, porque ninguém é de ferro.
Volto ao trabalho e ligo a tela do computador, de repente o telefone da minha mesa toca, é a secretária:
– Bernardo, você tem uma reunião às 14h, o responsável por ela não poderá ir e só tem você no momento para cobri-lo.
– Ok, sem problemas – mentindo para mim mesmo pois essa era a última coisa que eu queria hoje.
Pego o material para a reunião e saio correndo para não chegar atrasado.
Como já era mais de 13h precisei pegar um táxi na porta do prédio para não chegar atrasado. Abro a tela do meu celular e peço um pelo aplicativo, que é uma mão na roda nessas horas.
Rapidamente o táxi chega e lhe digo o destino:
– Avenida Paulista, 2202, por favor.
Enquanto o motorista segue viagem eu aproveito para estudar o cliente e os serviços que vamos fazer para ele.
Chegamos rápido ao destino e por sorte eu ainda estava dentro do horário da reunião. Me apresento na recepção e subo para o escritório do cliente.
Cumprimento João, o responsável pelo contrato, um homem de meia idade, um pouco acima do peso e rabugento.
Vamos à sala de reuniões e retiro os projetos da bolsa para apresenta-los.
João diz que gostou do projeto, mas sei quando uma pessoa não gosta de algo só pelo olhar, o corpo não mente.
Acertamos alguns detalhes que precisava e guardo tudo de volta na bolsa. Saio de lá feliz por ter feito meu trabalho, mas ao invés de voltar para o trabalho, resolvo tirar o resto do dia de folga.
Vou ao parque dar uma volta e sento na grama, meus pensamentos vão longe, uma inquietação dentro da cabeça, muitas informações. Decido tirar um cochilo e acabo sonhando com o dia em que conheci Alice.
Passados alguns minutos acordo e fico pensando nela. Onde ela está hoje? O que está fazendo da vida? Por que eu não anotei o telefone dela aquele dia?
Sem encontrar nenhuma resposta, me levanto e vou para casa.
Abro a porta, coloco a bolsa no sofá e vou para a pia lavar a louça que ficou do café da manhã.
Enquanto isso ligo o som e coloco uma música para relaxar.
Depois da louça limpa eu separo os ingredientes para fazer o prato especial de segunda-feira: hambúrguer! Que, na verdade, é minha especialidade, já que homem solteiro e morando sozinho, geralmente, não tem tantos atributos culinários, mas aprender a fazer pratos novos está na minha lista de coisas a aprender.
Preparo a carne e coloco tempero, enquanto isso vou para o fogão colocar a frigideira no fogo.
Coloco azeite e deixo lá para esquentar.
Vou para a geladeira pegar o restante dos ingredientes para finalizar o lanche. Pego um pão no cesto em cima da mesa, corto e passo ketchup, mostarda e coloco 2 folhas de alface para complementar.
Assim que a frigideira está no ponto, coloco o delicioso hambúrguer e o preparo fazendo uma dancinha no ritmo da música.
Pego meu hambúrguer e ligo a TV para assistir algum seriado ou filme, já que não tem nada de interessante para ver esse horário. Aliás, em nenhum horário tem coisa boa na TV.
Termino de comer e lavo a louça para não deixar nada para amanhã e ligo o computador, vejo minhas redes sociais, meus e-mails, algumas notícias e desligo, já é hora de tomar um banho e ir dormir.
Deito na cama e penso “amanhã é um novo dia, mas com as mesmas coisas pra fazer, mesmas pessoas. Preciso mudar isso, mas como?”
Fecho os olhos, fico tentando achar uma resposta e pego no sono, boa noite.
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