RE: Um ideal humano - Mais um para o projeto Dailycharity
Eu que agradeço por suas excelente contribuições. Não acho, como muitos, que a medicida é supervalorizada. O que considero gravíssimo, é o quanto outras áreas são extremamenta subestimadas, como é o caso das ciências da educação e metodologias de ensino, ou em específico do ensino de história, ao qual me toca diretamente. Mas é claro, que por causa desse desequilíbrio gravíssimo, há muitas pessoas de áreas bem valorizadas na sociedade que se consideram melhores do que historiadores, por exemplo. Falo isso por experiência familiar. Que por diversas vezes, quando é necessário falar sobre direito, contabilidade ou áreas em que meus familiares tem formação, todos respeitam e escutam. Agora quando é o momento de refletirmos sobre história, em que eu sou o único da família com formação na área, eu sou chamado de muito jovem para entender, ou que fui "esquerdizado" por tentar apenas mostrar que para toda versão do vencedor, há uma outra versão perdedor, e vice versa. Ou até mesmo uma outra forma de ver as coisas, que no pior dos casos, apenas vai enriquecer nosso conhecimento e abordagens culturais. Contudo, eu sou quase sempre silenciado, porque aqueles mesmo que defendem o mérito de ter que estudar sobre um assunto antes de sair falando sobre ele. O que particularmente eu discordo. Acredito que todos temos total capacidade cognitiva de expor uma opinião sobre a história. Porém, da mesma forma acredito que precisamos, como você tão bem faz, estarmos abertos para ouvir o outro e suas diferentes perspectivas. E quem sabe, somarmos a nossa, chegando, quando convencidos, a revermos nossa opinião prévia.
Pois é, nossa influência historiográfica é por demais pelos franceses, sendo mais preciso, pela Escola dos Annales. Entre eles os mais conhecidos seus fundadores Marc Bloch (medievalistas) e Lucien Febvre (id. moderna), além dos nomes das gerações seguintes como Fernand Braudel (que passou um período na USP durante a década de 1960), Jacques Le Goff, Pierre Nora, Philippe Ariès entre outros. Não só por esses nomes, mas por outros que vieram até mesmo antes deles, nossos estudos ainda tem uma forte curvatura que tem sido muito difícil de remodelar. Como minha orientadora fez seu doutorado na Alemanhã, tive oportunidade de ver pelo menos duas perspectivas bem distintas (quando não mais). Feudalismo é apenas um desses muitos casos, onde um "modelo" que só se aplica ao norte da França (ou em períodos remotos da Gália) sendo construídos de tal forma que toda a Europa, quando não o Mundo, corresponde à excessão da regra. Que neste caso, do Feudalismo, o modelo que mais conhecemos em sua completude, apenas corresponde a uma região específica do norte da França onde cerca a macro região de Paris e um pouco mais.
Mas chega né? Já falei demais. Vou voltar pro TCC que preciso ler aqui, pra banca que tenho amanhã.
Obrigado pelo retorno. Abraço e até a próxima! |
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Entendi melhor. São as pertinências das generalizações. Que acabam valorizando o que é tomado como um todo. Freud traz muito bem isso em a Psicologia das Massas. Em relação ao saber médico, é um contexto cultural que seguimos, que vem mudando, e se encontra a muitas complicações, com grande diferença das capitais, e interiores. Dá uma discussão longa. kkk. De um lado é importante que se desconstrua o saber totalizante, de outro cresce a anti medicina, e ainda o embaraçamento de funções diante da atuação dos profissionais de saúde. Mas tem que mudar, coisas do nosso tempo, talvez mais a frente estejam melhores, e sabe que essas mudanças demoram. Todo saber é importante, e ainda mais quando agregados. Um ramo de minhas teorias de estudo, chamado Psicopatologia Fundamental, traz uma interface de conhecimentos muito interessante. Devo trazer mais para frente. Com casos clínicos que são construídos a partir de diferentes perspectivas, que se somam, partindo do individuo, seu contexto social, a cultura local, e a cultura construídos historicamente. São casos para mim lindos de se ler, que são realizados por exemplo por médicos, antropólogos, psicólogos, e outros estudiosos.