Um dia bastante atípico na capital pernambucana, Recife. A cidade amanheceu vazia. As pessoas, os carros, os ônibus, as bicicletas que enchem as ruas e avenidas da cidade com o seu movimento frenético, naquele dia resolveram parar. Sexta-feira, dia 30 de Julho de 2017. Dia de Greve Geral convocada em especial por setores políticos da esquerda brasileira que tinha por objetivo protestar contra as medidas adotadas pelo hoje presidente do Brasil, Michel Temer, relacionados a Reforma da Previdência, das aposentadorias.

Tudo parou nesse dia. Bancos, escolas, lojas, shoppings, repartições públicas, teatros, cinemas, bibliotecas. Tudo. Esse dia foi histórico e eu queria sair para a rua para registra-lo, mesmo sabendo do risco que eu corria por andar nas ruas da cidade onde eu não conseguia ver 1 pessoa além de mim caminhando nela. Sai cedo de casa com a minha mochila e câmera. Logo cedo o metrô ainda funcionava e eu aproveitei para chegar ao centro da cidade para fazer algumas fotos da cidade vazia.

Eu já sabia no dia anterior que um grande protesto iria ser convocado pelas centrais sindicais e eu queria ver isso tudo de perto para poder reportar as agências de notícias que eu trabalho. O ponto de encontro aqui no Recife dos protestantes foi na Praça do Derby que fica região central do Recife. Lá é o tradicional "palco" de manifestações políticas que acontecem aqui em minha cidade.

Eu fui seguindo pela Avenida Conde da Boa Vista no centro da cidade até a Praça do Derby. No caminho o que era impressionante é que não se ouvia barulho de nada na avenida, um silêncio e um vazio total. Dava até para ouvir a minha respiração. Lembrei da música de Raul Seixas chamada: "O dia em que a terra parou", por que realmente o cenário em tudo tinha a ver com o que ele canta nessa música.

Chegando na Praça do Derby ainda não tinha muita gente. Lá encontrei alguns colegas da imprensa que estavam como eu ansiosos para ver o que iria acontecer nesse ato de Greve Geral aqui no Recife e como tudo estava no começo eu aproveitei para sentar na praça e dar uma mexida no celular para ver as notícias que estavam ocorrendo nesse dia e os protestos em outras cidades do Brasil.

Com o tempo mais pessoas foram chegando ao ato e quando era mais ou menos 14 horas, a praça já estava repleta de pessoas com bandeiras do seu partido, de sua central sindical e cada um protestando a sua maneira. Tirei a minha câmera da bolsa e fui registrando tudo aquilo que chamava a minha atenção.

Como foi um acontecimento de grande cobertura da imprensa, eu tinha que parar a cada 30 minutos para poder enviar as fotos para as agências e elas distribuírem para os portais de notícia da internet (a concorrência é grande). O movimento de envio de fotos foi tanto que os funcionários das agências não estavam conseguindo comportar tanto material enviado pelos fotógrafos. Vi fotos minhas que somente foram publicadas no dia seguinte.

O protesto realmente atraiu milhares de pessoas. Segundo estimativas, foram mais de 500 mil pessoas, o maior ato no Brasil de protesto contra o governo de Michel Temer.

O meu trabalho nesse dia acredito que foi satisfatório. Quando era mais ou menos 17 horas da tarde, eu vi um movimento estranho de "Black Blocks" que já estavam se organizando para poder realizar o ato deles que em sua maioria são violentos. Nesse momento eu decidi não arriscar a registrar mais esse evento, pois saberia que a polícia iria agir e eu não queria correr o risco de levar bala de borracha, de apanhar, dos policiais roubarem e quebrarem a minha câmera me confundindo com um manifestante, ser preso etc.

Coloquei a minha câmera na bolsa e sai do centro do protesto e fui para a estação do metrô para voltar para casa.

Com certeza para mim foi uma das grandes experiências em minha recente carreira como fotojornalista e as imagens que eu fiz desse acontecimento foram para alguns portais de notícia o que me deixou feliz, realizado. Nada melhor do que ver uma foto sua estampada na mídia e além disso o seu nome mencionado como autor da foto para que todo o mundo possa ver.

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Greve Geral no Recife - 30 de junho de 2017.

©Jammerson Santana

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