Qual é a diferença entre velho e antigo.

in #pt7 years ago (edited)

Falta de memória

Nosso país não é acostumado a tratar com respeito os detentores de nossa história. Nem mesmo nossa história é protegida. Quantos são os prédios, casas, e outros logradouros antigos que mesmo depois de tombados pelo Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional (IPHAN), foram demolidos ou mesmo largados ao descaso, abandonado até que despencasse?

A especulação imobiliária ganha muito com isso. Sem ter de manter o imóvel, nem mesmo manter a fachada do imóvel antigo, os condomínios de arquitetura ultrapassada, mas cheia de vidro, tomam corpo e crescem "enriquecendo" a vizinhança.

Um exemplo de arquitetura nova mas ultrapassada.

Um edifício ficou pronto num sub-bairro do Rio de Janeiro. Sub-bairro porque é um bairro dentro de outro. Para que não seja identificado o local (não me pagaram para fazer propaganda), não vou falar onde é. Mas o local é onde tem condomínios de "luxo", novos e que não valem medos de 1,5 milhão de reais.

Pois lá foi concluído um empreendimento de apartamentos de 3 e 4 quartos. Entregue no final de 2017, com piscinas lindas, tendo espreguiçadeiras na parte rasa, três raias de 25 metros para natação, espaço gourmet, sala de jogos para jovens, jogos para adultos, brinquedoteca para crianças, sala de musculação com aparelhos de última geração, etc.

Super moderno e luxuoso né?

Acontece que caso você queira colocar ar condicionado em seu apartamento, os engenheiros e arquitetos não pensaram nisso. Não há onde colocar, ou quebra a parede para colocar os aparelhos de parede (coisa que não foi liberado para nenhum dos condôminos) ou coloca-se os aparelhos na varanda, diminuindo o tamanho de sua ampla varanda.

Varanda essa que é chamada de "Varanda Gourmet"!

"Gourmet" porque tem essa bancada onde colocaram uma pia, entre duas colunas. Afinal, os engenheiros e arquitetos esqueceram de colocar uma saída de gás para que você tenha um fogão ou cooktop. Ok, pode ser elétrico, afinal o Condominio é novo e luxuoso. Mas o interessante é que, como eu disse, essa bancada fica entre duas colunas. A parede dela é a divisória entre apartamentos e essas colunas impede m que seja colocado algum tipo de exaustão. Só se furar uma coluna que faz parte da fachada ou não pense em usar nenhum meio de cozimento que não seja um forno. Vai ficar ótimo com o ar quente vindo dos aparelhos de ar condicionado. Afinal, o Rio de Janeiro é frio é esse tipo de aquecimento é sempre bem vindo, né?

A história não está só nas construções.

Temos outros meios de contar nossa história sem ser pelas construções. A cultura é um meio de contar a história de um povo. Os costumes de uma certa região mostra a adaptação daquele povo ao ambiente onde vive.

O museu do Indio no Rio, foi destruído pela prefeitura que ofereceu à concessionária (ODEBRECHT e ELX do Eike Batista) para a construção de um estacionamento para o Maracanã.

O museu histórico nacional foi fechado por falta de pagamento. Há no prédio antigo, muita infiltração, infestações de ratos e baratas.

E assim vai esmaecendo a nossa história. Caindo pelo ralo do esquecimento e da perda de identidade. Uma grande tristeza para todos nós que somos orgulhosos de sermos brasileiros.

Mas aqui vem o ponto mais importante desse post:

Os idosos, suas experiências e conhecimentos são ignorados e maltratados a todo instante.

Após a promulgação do Estatuto do Idoso (*Lei *) deu-se um tempo para que o comércio, departamentos públicos, hospitais, universidades, metrô, trem, ônibus municipais, ônibus intermunicipais e interestaduais, aeroportos e rodoviárias, se adaptassem para o atendimento prioritário e respeitoso ao idoso.

Nesse meio tempo, anos de diferença, vieram a copa do mundo e as olimpíadas. Obras de mobilidade foram feitas e muitas outras obras de "melhoria" foram feitas também. No final temos, ônibus ainda sem ar condicionado e em chassi de caminhão.

Explicarei o chassi de caminhão: os ônibus que temos rodando em nossas cidades são em maioria, aqueles que têm o motor na frente e temos que escalar aqueles 3 ou 4 mega degraus para entramos. Aqueles que têm o elevador de cadeira de rodas, que quase nunca funciona.

Pense em um idoso de idade avançada que mal consegue andar sem auxílio mas que precisa pegar o ônibus para ir para uma consulta médica, mercado, etc...

Sem dizer que os motoristas dos ônibus já começam com o desrespeito ao não parar nos pontos onde tem os idosos.

Quando param, o idoso é obrigado a escalar os degraus e quando mal sobe, os motoristas já saem arrancando sem dar tempo para que o idoso se acomode de forma segura nos acentos. Acentos esses que muitas das vezes está ocupado por uma pessoa com plena saúde, que desrespeita mais uma vez o idoso não deixando que ele possa sentar na cadeira que é destinado para ele por lei.

Ônibus mesmo, são os que pegamos em alguns aeroportos para irmos para o avião. Eles ficam rente ao meio fio, com suspensão a ar. Os ônibus param rente ao meio fio e se ficarem altos, podem abaixar-se para ficar na altura do meio fio e assim, um idoso pode entrar sem esforço e um cadeirante pode entrar sem ter nenhum tipo de constrangimento por ter de tirar o motorista de seu lugar para que possa operar o elevador. Atrasando a viagem de todos.

Falando em viagem, veio a minha lembrança uma inversão de valores por parte das companhias aéreas e seus passageiros.

Como por lei existe a prioridade de entrada dos idosos, isso é respeitado mas nem sempre funciona. Explico:

Nos voos onde entre-se pelo portão e vai-se direto para o avião, isso funciona. Os idosos são os primeiros a entrar nos aviões. Às vezes descendo pelas rampas e às vezes tendo que subir escadas altas.

Os últimos serão os primeiros!

Nos voos onde temos que pegar um ônibus para chegar ao avião, os idosos entram, acomodam-se no ônibus e depois entram os demais passageiros. Ao chegar no avião, os primeiros que entraram no ônibus (idosos, portadores de deficiência e os chamados platinum, etc...) estão atrás dos demais.

Abre-se as portas o ônibus e os não preferenciais saem, formam filas e vira ordem de chegada. Portanto, os últimos a entrar no ônibus, são os gozadores de boa saúde e que se tornam os primeiros a embarcar nos aviões, deixando os mais debilitados enfrentando fila e sendo os últimos a embarcar.

Nossa história está nessas pessoas que tanto ignoramos e desrespeitamos. Precisamos respeitá-los e precisamos dar um certo conforto a eles que fizeram e ainda fazem com que cresçamos com valores e cultura.

Agora, qual a diferença entre velho e antigo.

Costumo responder com uma só frase. Não existe ramos do comércio chamado velharia mas existe o chamado antiquário.

Portanto, daí tiramos uma diferença que é o valor. O que não tem valor pra ninguém, é lixo e o velho é lixo. O que tem valor para alguém, não se joga fora, e esse é o antigo.

Fiz uma mescla entre a diferença entre velhos e antigos, com a diferença entre lixo e o reciclável. Afinal aquele móvel que está bom, só que precisa de uma pintura, uma lixa e um verniz, é reutilizado, agregando valor ao ambiente. E aquele que o cupim comeu, a umidade deformou e não tem mais conserto, esse vai pro lixo.

Assim são nosso idosos, que por menor valor que eles possam agregar à sua empresa, à você e ao seu dia dia, eles sempre tem uma visão de experiência e experiência vale muito.

Não falarei do Japão, mas se quiserem ver o que os japoneses pensam e como eles tratam os idosos, não será difícil você achar que eles prezam muito a experiência e os valores que os idosos têm.

Estamos precisando de pessoas de valor, só assim evoluiremos. Os idosos só tem a somar e multiplicar.

Não seja um velho, seja um antigo.

Sort:  

Nosso país não é acostumado a tratar com respeito os detentores de nossa história

Coido que debemos escribir iso en moitos dos "nossos paises", e preguntome en que parte do caminho da vida é onde se perden os valores para converter o "antigo" en vello, en convertelo de útil con tradición a inválido (idoso?) por tempo pasado tras a "fabricación".
Será que nos están programando para a traballar con "obsolescencia programada" independentemente do valor, ja que eiquí e agora o único importante é o prezo.
Será que existindo nós, que todosabemos xa non precisamos alicerces?

Ante a reflexión que fás fico cheo de preguntas e de por qués nos cais estou tan involucrado que non podo respostar.

Apertas e saúde.
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