Contos do Edu - 04/04

Quando mais novo eu gostava de escrever contos, e nunca mostrei pra ninguém, apenas escrevia para mim e guardava no meu computador. E até hoje não tinha visto nenhum motivo para expor, até que o Steemit por nos estimular a produzir conteúdo original, decidi publicar. São apenas 4 textos que foram escritos, e após eu publicar os 4, se a recepção for boa, talvez até volte a criar novos. Se gostarem resteemem e upvote ele, valeu.

Eu vi primeiro

Roberto não desligou a tv quando foi para o quarto pegar um de seus brinquedos. “Já disse para quando parar de ver televisão desligar, ninguém aqui nessa casa é sócio da COPEL” berrava a mãe da cozinha enquanto lavava a louça.

O garoto tinha um habito muito estranho de enjoar rápido das coisas, assistia televisão por minutos e saia esquecendo ela ligada, ia para o quarto brincar, quando enjoava largava as miniaturas no chão e corria para a rua procurar o que fazer, era um humano em constante mudança.

Na adolescência e na vida adulta não seria diferente. Não conseguia parar em um emprego. Não por falta de empenho, nisso ele fazia magistralmente, o problema é que enjoava rápido da atividade que estava exercendo.

O mesmo servia para as namoradas. Seus relacionamento duravam pouco, já que mesmo amando ele acabava esquecendo elas e quando notava, elas já tinham ido embora. E ele continuava a vida como se tudo houvesse o mesmo valor em sua vida.

Quando comprou sua casa, já estava velho, e separado. A mulher com que se casou não agüentou conversar com as paredes enquanto Roberto ficava procurando em seu caderno formas novas de desenvolver utensílios de auto defesa. Profissão essa que lhe chamou atenção e não havia abandonado ainda depois de 40 anos exercendo.

Visitas então, eram quase raras depois que sua mulher foi embora. Ele não tinha paciência para atende-las, muito menos fazer a rotina de casual de bom anfitrião. Deixava elas apertando a campainha, até que desistiam e iam embora. Quando tinha algo interessante para conversar, era ele quem ia até a casa delas, e logo depois de conversar ia embora, sem mais cerimônias.

Eram 4 da tarde, estava passando o desfile da Mangueira na televisão, a campainha teimosa tocou, mesmo sabendo que não ia ser atendida. Até a porta estranhou, já faziam 4 dias que não era aberta. Mas quem quer que fosse do lado de fora, não insistiu muito e foi embora. Roberto estava na sala de sua casa sentado em sua cadeira favorita. Há dois não levantava para virar o chinelo que estava caído perto, e se dependesse dele, o chinelo ia permanecer daquela maneira por mais quantos dias fossem necessários para que alguém notasse.