Olhar de Poeta
Semana passada meu celular que nem era tão antigo resolveu bater as botas, aquele probleminha da tal obsolescência programada¹, deixando-me na mão e num vácuo virtual. Porém, o que mais senti falta foi da praticidade daquele dispositivo fotográfico portátil.
Sem me dar conta carregava na bolsa uma tecnologia que há alguns anos atrás era quase de ponta!
Meu primeiro livre manuseio da câmera fotográfica, foi lá pelos 15 ou 16 anos, já na era digital. Embora minha família tivesse um acervo e histórico de fotografias analógicas, foi com uma câmera pocket, prima das tais “aiptek” do anúncio da TV que pude começar a “brincar de registrar” ou seria “aprender a olhar”?
3.2 megapixels de limites técnicos e uma lentinha que poderia de alguma maneira não me limitar. Sempre tive uma relação muito próxima com imagens, cores, formas, texturas, padrões geométricos e um fascínio em especial por musgos, plantinhas que nascem no concreto e curvas do corpo humano. Através desse olhar digital, comecei uma procura incessante por novos ângulos, sobretudo, os do cotidiano, da temida rotina.
Durante anos passei quase todos os dias pela mesma rua – Guilherme Kantor, quase fiz um furo nas calçadas, mesmo assim, conseguia perceber suas nuances e enxergar um novo click. A rotina é cruel, ela pode ofuscar a beleza, sufocar a inspiração, quebrar o encanto do novo e o que a fotografia me ensinou é essa eterna busca pelo novo. Um novo olhar, uma nova visão do mesmo objeto.
O impressionismo na arte nos mostra que o mesmo monte de feno no meio do campo, nunca será o mesmo, pois a luz que passou ao meio dia, jamais será como a luz das cinco da tarde e saber capturar e reconhecer a beleza de todas as horas é mais que um “dom” é um treinamento constante do olhar.
Rubem Alves (um senhor fantástico), menciona em uma de suas crônicas a importância do treinamento do olhar e da sensibilidade, questionando-nos, onde guardamos nosso olhar e coração, se na caixa de ferramentas ou na caixa de brinquedos. Ambas são necessárias, porém, não basta e nem quero olhar a vida como algo meramente técnico, olhar as ruas, as praças, as casas somente como uma mera composição urbanística, quero procurar a poesia que se esconde entre a janela e a senhora sentada na varanda, quero imaginar sua história, capturar suas cores.
Voltando ao meu falecido celular… tenho uma câmera digital semi profissional atualmente, mas gosto da praticidade do celular para essas capturas rápidas e efêmeras cenas e belezas do cotidiano, e temos uma variedade de plataformas virtuais para compartilharmo nossos registros visuais e mais do que nunca entendo a importância dessa comunhão estética, ao apreciar uma fotografia alheia, estamos compartilhando a experiência de um momento único.
Por isso faço um convite à você para brincar com sua sensibilidade, aguçar sua técnica, explorar seu olhar e ver sua cidade e sua rotina com novos olhos, olhos de fotógrafo, olhos de poeta.
Obsolescência programada¹ é a decisão do produtor de propositadamente desenvolver, fabricar e distribuir um produto para consumo e forma que se torne obsoleto ou não-funcional especificamente para forçar o consumidor a comprar a nova geração do produto.
Para quem se interessou em olhar e sentir mais alguns recortes fotografados de minha pessoa, segue aí o link do meu flickr onde posto minhas fotografias >>> https://www.flickr.com/photos/melancoliaaguda
Este texto faz parte de uma sessão de artigos que publiquei no site da gazeta informática, segue link >>> http://www.gazetainformativa.com.br/olhar-de-poeta/
Parabéns, seu post foi votado e compartilhado pelo projeto Brazilian Power, cuja meta é incentivar a criação de mais conteúdo de qualidade, conectando a comunidade brasileira e melhorando as recompensas no Steemit. Obrigado!
Enjoy the vote and reward!
Obrigada! :)
Obrigada pelo texto e pelas fotografias de qualidade. Partilharei! Saudações
Enjoy the vote and reward!
Obrigada você pelo retorno! <3
Belo texto e belas fotos! Parabéns.
Obrigada @lucianococa !
@edguimaraes , muito bom texto e excelente foto
Obrigada Fernando! <3
Bom post @edguimaraes!! Realmente precisamos treinar os nossos olhares para conseguirmos ver além!! E você já viu a steepshot? Grato pela reflexão!!
Obrigada @paulo.sar assim como tudo na vida o olhar poético é algo que precisa ser exercitado! Quanto a sua dica, não conhecia é uma app, site, plataforma? Abraço!
De nada!! É um espelho da própria steemit, meio parecido com o instagram, tenho estudado ela para usar também, parece ser bem interessante.
Olá amiga. Pois é, sei bem o que quer dizer com essa questão da facilidade do celular, mas vivo numa luta angustiante a respeito de quão bom é essa facilidade das fotos no bolso sabe... Acho que é uma desvirtuação complicada da arte poderosa que só a câmera fotográfica é capaz. Digo isso por que você tirou umas fotos lindas da Clarice brincando no riozinho aquele dia e isso não é capaz com o celular. E daí vem aquele vendedor dizendo: Olha só a tecnologia, que incrívelll agora o iphone vem com uma mini lente de zoom acopladaaa.
OK, só que isso SEMPRE foi possível com uma câmera. Não gosto muito desse novo mundo de facilidades a respeito da fotografia, apesar de utiliza-la também. Também não adianta emburrar e desinstalar o app da camera do cel né? haha Abraço
Pois é Thom! Acho que o celular é uma ferramenta que facilita essencialmente pela portabilidade, mas sem dúvida a câmera fotográfica é o instrumento certo para fotografia, ambos são válidos, mas é na câmera, na lente que conseguimos "focar" mais no assunto! Tudo é válido para fazer essa reflexão e exercício do olhar, mas o equipamento ajuda muito! Abraço.
Muito bom post! Parabéns!
Obrigada! <3
Obrigada @d-drummer !
Saudades dos tempo que eu tinha você por perto pra bater minhas fotos
@malunadolny vamos combinar uma nova sessão! <3 saudades também Malu, muita!
Sensacional!! Uma musiquinha em agradecimento ao post, amiga poeta.
Mal Secreto - Luiz Melodia
Ah! Que delícia... melodia de Luiz! Valeu pelo retorno e pela ótima escolha musical! Abraço @tiopatinhas