O desenvolvimento do modo de produção capitalista. Parte 06 #Filosofia-Política

in #pt5 years ago

Com todo o processo de melhorias para a classe trabalhadora e pobre ocorridas no século XX, indiretamente, houve uma legitimação da exploração do trabalhador pela própria classe trabalhadora, pois essa classe agora possuía meios para ter uma vida mais digna, afinal, os efeitos selvagens do capitalismo foram atenuados.


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Diminuindo as crises econômicas automaticamente diminuem-se as crises sociais, dessa forma a classe trabalhadora, com maior poder de consumo passou por um período mais tranquilo e como dizia Eric Hobsbawn: “Trabalhador com carro na garagem e geladeira nova não faz revolução.”
 
Porém, por volta dos anos 80 e 90 do século XX, a burguesia não estava satisfeita, pois não conseguiam se aproveitar de todo o dinamismo do capitalismo, deveriam pensar (talvez), por que distribuir renda se posso tê-la toda só para mim?
 
Poucos antes começaram a surgir novas teorias liberais e um novo modelo liberal, o neoliberalismo (neo = novo), baseado em teorias de um membro da escola austríaca, Friedrich August von Hayek e em um membro da escola de Chicago, Milton Friedman. Aqui podemos inserir mais dados na tabela.
 

CronologiaRev. Indust. até déc. de 20/30 séc. XX30/40 até 70/8080/90 até hoje
ModeloLiberalBem-estar SocialNeoliberalismo
OrientaçãoLivre MercadoLivre Mercado c/ Interv. EstatalLivre Mercado
Fund. TeóricaAdam SmithJohn M. KeynesF. Hayek e M. Friedman

 
Neste novo modelo ou nesta repaginada do liberalismo como preferirem, a orientação volta a ser o livre mercado sem a intervenção estatal, afinal, para estes autores o modelo de bem-estar social sufocava o capitalismo. A realidade é que, a teoria era favorável à burguesia e ao Estado mínimo, vale lembrar aqui que o Estado deve ser mínimo apenas para o trabalhador pois quando é para defender os interesses da burguesia e grandes empresários ele deve existir em sua forma máxima, como por exemplo, a taxação de produtos importados para defender produtores locais.
 
Mas essas teorias precisavam ser postas em prática, é então que em 1973 com a tomada do poder pelos militares no Chile levando ao poder o General Augusto Pinochet convida Milton Friedman para orientar uma mudança econômica naquele país. Como todos devem saber a ditadura chilena foi a mais sangrenta da América do Sul, mas Friedman não esteve diretamente ligado ao governo e também nunca externou aval às políticas de perseguição de Pinochet.
 
Esse modelo economico da escola de Chicago no Chile foi implementado através de alunos de Friedman, vale ressaltar que dentre estes alunos, os denominados “Chicago Boys”, estava o agora ministro da economia brasileira, Paulo Guedes. Friedman era basicamente um assessor ou orientador econômico.
 
Este modelo foi implementado no Chile principalmente entre os anos de 1973 e 1975, durando até o final do regime ditador no ano de 1990. Cabe aqui dizer que, houve sim um crescimento econômico no Chile, mas não o atribuo ao modelo neoliberal, pois em uma ditadura é muito mais fácil se controlar a economia do que em uma democracia, afinal, quando não existe oposição ou essa é repreendida violentamente, fica muito mais fácil controlar qualquer mecanismo que seja. A China nos tempos atuais é um grande exemplo disso, cresceu muito nas últimas décadas e agora dá uma refreada para tornar esse crescimento sustentável, ou seja, fazem da forma que planejam pois não há oposição.
 
Logo depois, o modelo neoliberal foi repetido na Inglaterra com a “dama de ferro” Margaret Tatcher durante a década de 80. Esta ficou conhecida como dama de ferro principalmente pelos cortes nas áreas sociais, uma das suas primeiras medidas foi cortar o leite distribuído nas creches para as crianças, sob a alegação de que quem não possuía filhos nas creches ou não os tinha de fato, não era obrigado a pagar aquele “gasto” do Estado com as crianças.
 
Este modelo foi seguido depois na Europa e Estados Unidos, retirando a intervenção estatal existente até então, pois não era mais o Estado que influenciava o desenvolvimento, isso agora cabia à iniciativa privada, claro que, se assim fosse do seu interesse e lhe trouxesse benefícios financeiros.
 
Pois bem, esse modelo já nasceu se demonstrando insustentável, pois a base era diminuir a taxa de impostos progressivas, que era a maior parcela paga em impostos ao Estado, isso automaticamente gerava cortes na área social, todos aqueles benefícios citados anteriormente no modelo keynesiano foi se deteriorando aos poucos.
 
Paralelamente, inicia-se uma flexibilização de direitos trabalhistas, o fim das regulações econômicas, ou seja, não existe mais um controle de dados econômicos por parte do Estado. Sistemas de previdência pública começam a ser descontinuados dando início a modelos de previdências privadas, também neste período começam a ser privatizadas empresas estatais.
 
Em meio a toda essa fluidez de fatores, entre os anos 80 até hoje, voltaram a existir diversas crises econômicas e automaticamente diversas crises sociais e políticas. Mas dessa vez, as crises políticas geradas não são de legitimação do capitalismo, são crises diretamente ligadas às tensões geradas pelo capitalismo, ou seja, crises ligadas a movimentos xenófobos, sexistas, racistas, Aqui a xenofobia ganha destaque pois uma bandeira levantada por movimentos de extrema direita é que imigrantes retiram empregos da população de determinado (s) país (es).
 
Muito bem, esses fatores são justamente os que levam diversos países no mundo, principalmente na Europa, ao ressurgimento de movimentos fascistas, nacionalistas e de extrema direita. Esse atual ressurgimento desses movimentos também podem ser vistos em outros países, Estados Unidos, Brasil e outros espalhados pelo globo. Hoje, esses extremistas pouco se importam se pessoas passam fome, se mulheres tem direitos iguais, se homossexuais são assassinados, enfim, o que lhes importa é seu salário na conta e que sua pífia existência dentro de uma bolha seja mantida, pois o mundo externo pouco lhe importa, viver em sociedade? Pouco importa, isso só vale quando é para preencher seus egos e seus modos egoístas de “sobreviver”.
 
Lembrando que, imigrantes geralmente costumam preencher postos de trabalho menosprezados pelos trabalhadores locais, geralmente os mais sujos, humilhantes e os fisicamente mais duros serviços. Como o texto já está enorme, amanhã trago finalmente a última parte, com o restante sobre o neoliberalismo, uma breve conclusão e as referências.

PARTE I: O desenvolvimento do modo de produção capitalista – Parte 01.
PARTE II: O desenvolvimento do modo de produção capitalista. – Parte 02.
PARTE III: O desenvolvimento do modo de produção capitalista. – Parte 03.
PARTE IV: O desenvolvimento do modo de produção capitalista. – Parte 04.
PARTE V: O desenvolvimento do modo de produção capitalista. – Parte 05.


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