Dezembro e o Natal, o tempo da introspeção e das preçes (parte 2)- # in: O mapa de autoestrada

Na continuação da minha crónica falo da majestosa Igreja de são Domingos localizada na baixa de Lisboa, que desde sempre me arrebatou. Veja porquê, no video abaixo....

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A igreja de São Domingos é um dos meus lugares mágicos. Aqui, a devastação, a grandiosidade e a resiliência arquitectónica, combinam com uma serenidade espartana que convida e acolhe o misticismo pagão de todo o céptico honestamente disponível para se deixar deslumbrar perante o desconhecido e intangível.
Sinto-me submergir numa egrégora coalescente, ressonância de veladas preçes a bruxulear em pequenas velas avermelhadas, dispostas em longas fileiras de intenções.
Trago um peso insustentável no coração e um nó agrilhoado na garganta, a clamarem por alívio, uma saída qualquer que aplaque esta agonia entranhada nos dias de horas excessivamente longas e noites insones.
Há algo hipnótico neste ambiente dourado e opalescente, simultaneamente fresco e feito a pedaços de alma, que me conduz a um estado alterado de consciência.
Sento-me num banco que range das dores alheias e deslizo para outra dimensão de mim, onde converso com a matriz essencial do universo, que pulsa na batida do meu coração, assenta empoeirada na laje sulcada do devir centenário dos passos lentos e venerantes e repousa no negrume das paredes outrora ardidas…
Irreverente dos rituais da liturgia, rendo-me a uma espécie de sintonização com qualquer coisa de essência sublime, e eis que neste mudo transe de conexão se me desenha nos lábios uma íntima oração que não mais se repetirá.
(continua)

• Conheça mais sobre esta jóia arquitectónica neste video: