A reinvenção que nossas organizações precisam
Artigo publicado originalmente em Weme
Vivemos em uma era de mudanças. Os desafios que enfrentamos como empreendedores estão ficando maiores e mais complexos.
Somos uma prova viva de um paradigma completamente novo: hoje minha startup funciona 100% na internet com pessoas em 4 países diferentes, algo inimaginável há 20 anos. E é claro que no futuro (próximo) o trabalho será bem diferente da forma como o entendemos hoje.
É curioso que, diante deste ambiente de complexidade e mudanças, a maioria das instituições e empresas continuem a usar os mesmos modelos organizacionais popularizados há mais de 200 anos durante a Revolução Industrial. Estruturas hierárquicas rígidas que concentram o poder em poucos e deixam aqueles na base com pouca capacidade de decisão e criatividade. Parece familiar?
É assim que acabamos no paradoxo das organizações que inovam em seus produtos e serviços, mas não conseguem inovar na sua própria estrutura.
A atual revolução tecnológica e social requer que repensemos esses modelos e os valores em que se baseiam. E que os reinventemos.
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Passando para o próximo estágio
Existem múltiplos movimentos focados na criação de novos modelos organizacionais, propondo estruturas ágeis, capazes de se adaptar e oferecer aos seus membros um espaço para co-criar. E atenção: esta não é uma “tendência passageira”. É assim que as coisas serão de agora em diante.
Um desses movimentos é o das Organizações Teal, um conceito proposto no livro “Reinventando as Organizações”, publicado em 2014 por Frederic Laloux, e em que as organizações são entendidas como entidades vivas em constante evolução. As três principais inovações das Organizações Teal estão focadas no propósito evolutivo, na autogestão e na plenitude (união do nosso ser profissional e do nosso ser pessoal, que normalmente somos forçados a separar no trabalho). Eu recomendo o livro e o wiki oficial para explorar esses conceitos e entender como eles se aplicam às práticas diárias de uma empresa, incluindo: tomada de decisão, resolução de conflitos, cultura, valores e fluxos de informação.
Outro movimento para manter no foco é a Holacracy, criada por Brian Robertson e sua equipe da HolacracyOne. A Holacracy foi concebida como um sistema operacional para organizações e propõe uma estrutura de círculos aninhados compostos de roles (não pessoas), roles que podem ser assumidos por diferentes colaboradores em momentos diferentes. Assim, a mesma pessoa pode assumir roles múltiplos de acordo com suas habilidades e interesses, de forma fluida. Podemos já esquecer estruturas piramidais e departamentos isolados.
Você também pode se adentrar na Sociocracy 3.0, que está conectada com as idéias de Agile e Lean (termos familiares para aqueles na área do desenvolvimento de software) ou talvez ressoe com você a idéia do B Corps.
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Nova tecnologia, novas organizações
Se você tem entusiasmo, como eu, com as possibilidades da tecnologia blockchain, você certamente terá interesse em explorar a idéia das Organizações Autônomas Descentralizadas (DAOs), coletivos distribuídos pela Internet, que tomam decisões e trabalham juntos através de sistemas baseados em contratos inteligentes e criptomoedas. Estamos falando da criação de organizações como a Steemit, uma plataforma de conteúdo em que seus usuários são criadores e co-proprietários ao mesmo tempo.
Em suma, em essência esses e outros movimentos compartilham uma visão transformadora do trabalho e das organizações, da forma como distribuímos o poder e da nossa capacidade de usar a tecnologia para nos reinventar diante dos desafios da humanidade.
A aventura está apenas começando!