A empregada doméstica que pode ir à Disney

Conversando com um amigo, fã de Paulo Guedes, sobre o desprezo do atual governo brasileiro pela classe trabalhadora, ele tentou me convencer de que o que o ministro estava tentando dizer era que até mesmo assalariados, que não tem condições de fazer este tipo de viagem poderiam fazê-lo caso o dólar não custasse o que custa hoje no Brasil.

Primeiro, é incrível como até mesmo a desvalorização da moeda nacional é justificada pelo governo e por seus apoiadores. Desde quando é bom ter uma moeda fraca, valendo cada vez menos? Segundo, é inacreditável que um integrante do governo desdenhe do poder de compra do trabalhador, afinal são justamente os trabalhadores que sustentam o governo e o seu país.

Outra questão importante é o preconceito envolvido neste tipo de fala, lembra quando o apresentador Bóris Casoy desdenhou dos garis que desejavam feliz ano novo em reportagem do jornal que apresentava. Está aí um problema grave no Brasil, a enorme desigualdade social e o preconceito com aqueles que exercem profissões que não exigem formação universitária.

Por esses dias, conheci uma empregada doméstica de um condomínio de luxo da cidade onde moro e, como sempre faço, conversei com ela sobre tudo, independente de sua formação e classe social, já que isso é o que menos importa. Lá pelas tantas, perguntei se compensava o serviço, já que são mais horas dedicadas à casa de quem a contrata do que à própria casa. Para minha surpresa, ela me revelou que recebia três mil e seiscentos reais por mês.

Finalmente, conheci uma empregada doméstica que pode, sim, ir à Disney, se ela quiser. Ganhei o dia. É isso. É possível para o trabalhador assalariado ter sua própria casa, seu carro e tirar férias onde bem entender. Desde que não trabalhe para gente como Paulo Guedes.