#FILMOTECA# - "Paris Can Wait" | "Paris Pode Esperar" (2017)
Sinopse: Ao fazer uma viagem pela França, a esposa de um ocupado produtor de Hollywood (que estava na cidade à trabalho) precisa evitar os avanços do colega de seu marido, que se oferece para levá-la até o seu destino final em uma viagem de carro devido a um inconveniente de saúde por parte dela.
Existem momentos em nossas vidas onde é preciso reavaliar o caminho que estamos percorrendo até então e não importa exatamente qual seja o aspecto em questão (família, amigos, colegas, relacionamento amoroso...), nós sempre iremos nos deparar com a nossa imagem no espelho nos perguntando: "O que você anda fazendo da sua vida?". A pergunta por si só é filosófica, e por isso, a resposta é complicada... Mas às vezes surgem pessoas no nosso caminho que nos ajudam a chegar até o resultado final, e é isso que acontece na vida da protagonista desse filme.
Diane Lane da vida a Anne, um personagem aparentemente simples (com uma aparência até de coadjuvante), mas que esconde diversas camadas complicadas que fazem do seu perfil algo bem mais desafiador do que se imagina (algo que se intensifica a medida em que o filme ganha mais peso e forma).
Balançada em seu casamento (principalmente devido a falta de atenção do marido) e sentindo-se sozinha desde a saída da filha de casa (a adolescente agora no campus da faculdade, em outra cidade), ela embarca - ao acaso - em uma viagem com Jacques (interpretado com muita eficiência por Arnaud Viard, um francês de boa lábia, profundo conhecedor de ótimas comidas e bebidas e um excelente guia turístico... E não faz ideia do quanto essa aventura irá modificá-la quando a mesma terminar.
Além dela, quem não consegue enxergar a mudança chegando é o próprio Jacques, que gradativamente vai perdendo o controle sobre o seu bom papo e se deixando levar por um sentimento novo. Mas até onde será que ele e Anne serão capazes de ir para não trair a confiança do amigo Michael (uma ponta especial interpretada por Alec Baldwin)? Qual seria o limite da traição quando um novo e confuso sentimento se faz presente no coração e na mente de duas pessoas com almas carentes de atenção e de amor?
O plot central da trama faz o estilo dos road movies, e coloca todos esses elementos já citados (inclua aqui uma dupla de protagonistas - Lane e Viard - que exala química na tela e torna a experiência em assistir esse filme ainda mais prazerosa) dentro de um liquidificador e oferece ao telespectador uma mistura de bons sentimentos e diversas sensações que não é vista com tanta facilidade no cinema (pelo menos não com tanto balanceamento e com um tempero diferenciado).
Uma viagem de carro pela França até Paris por variados pontos turísticos (desde a capital até cidades do interior) é o ponto mais forte do filme. É quase como um roteiro bem específico para viajantes, porque o longa faz o público mergulhar por lugares incríveis que estão espalhados pelas estradas que ligam esses dois lugares. A cada pedacinho percorrido, é possível se deparar com paisagens e culinárias incríveis e que despertam um enorme interesse em viajar.
Nesse ponto exato, a produção estética do filme se faz presente de uma forma gigante, e presenteia o público com um trabalho de fotografia para ser lembrado. Apesar de ser um filme sem ganância monetária, esse cuidado com a produção fotográfica encanta por focar tão bem nos pontos históricos de uma forma muito pontual, fazendo-os deles uma parte essencial do roteiro (e obviamente, do filme em si).
A diretora Eleanor Coppola (estreando na direção aos 81 anos) trabalha de uma forma amigável, como se ela já conhecesse todo o elenco anteriormente. O ritmo da dramédia é lento, a história é super simples, mas a maneira como ela decidiu conduzir os acontecimentos é muito assertiva porque tudo é orgânico e vai servindo como força principal para construir um clímax muito gostoso e divertido que culmina em excelente - e inesperado - final de terceiro ato.
Se você é um amante de vinhos, comidas e principalmente viagens... Paris Pode Esperar é uma ótima recomendação, porque além dessa trinca super amistosa de se acompanhar, há uma forte presença de dilemas que nos desafiam todos os dias, e nos fazem entender em qual momento exato da vida nós estamos e o que nós precisamos fazer para virar a mesa (se assim preciso for, é claro).