Segurança ou inovação: o que mais importa no mercado de criptomoedas?

in #bitcoin7 years ago

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O Bitcoin possui inúmeras limitações técnicas devido à sua arquitetura que impossibilitam, pelo menos no atual cenário, que a tecnologia seja implementada com sucesso no mainstream. Por conta disso, milhares de altcoins estão em desenvolvimento com o objetivo de suprir as grandes faltas da criptomoeda mais popular do mundo. Acontece que muitas dessas tecnologias em ascensão não tem maturidade suficiente para sequer terem sido lançadas e colocam a verba de seus investidores em sério risco.

Lançado em meados de 2009, o Bitcoin, até os dias de hoje, jamais teve sua segurança protocolar comprometida. Com o atual poder de hash da criptomoeda, seria necessário um indivíduo ou mesmo um grupo de pessoas com mais da metade do poder de mineração do Bitcoin para executar um “ataque de 51%”, através do qual seria possível reverter transações e produzir um gasto duplo através delas, além de impedir confirmações e impedir que mineradores minerem blocos válidos. No entanto, o custo necessário para se executar um ataque como esse seria tão elevado que simplesmente não seria vantajoso para o fraudador.

Moedas com menor hashrate, como o Bitcoin Gold, são muito mais suscetíveis a ataques desta natureza. Conforme noticiado pela grande imprensa, o BTG foi vítima deste ataque, através do qual exchanges que operam o token amargaram perdas de cerca de US$ 18 milhões (cerca de R$ 65 milhões à época). Os golpistas depositaram grandes quantias de BTG para invalidar e reverter as transferências, podendo gastá-las novamente.

Segundo Gavin Andresen, um dos desenvolvedores do Bitcoin, afirma que defender a rede contra um “ataque de 51%” seria relativamente simples, uma vez que existem mecanismos para forçar o fim do ataque. Mais informações sobre o tema podem ser acessadas no blog GavinTech.

As exchanges aumentaram o tempo de confirmação para as transações, o que inviabilizou a continuidade do ataque.

Em resumo: quanto mais democrático for o processo de mineração, mais segura a rede se tornará. Essa é uma falha fundamental da blockchain do Bitcoin, a qual, nos dias de hoje, é praticamente impossível de ser explorada devido ao alto poder de processamento de rede espalhado por inúmeros grupos ao redor do mundo.

Os desenvolvedores do Bitcoin Gold, para fugir das mineradoras ASIC, fizeram com que a moeda fosse minerável através de GPU (placas de vídeo) com o objetivo de “democratizar” o poder de mineração, o que, objetivamente falando, não passa de um grande discurso demagógico para angariar os investidores mais incautos. Mineração em GPU não se torna mais ou menos democrática que o processo de mineração ASIC: a consequente centralização no poder de hashrate do token será definida por grupos com poder aquisitivo suficiente para adquirir mais máquinas que os demais. O problema não foi resolvido, nenhuma inovação foi de fato implementada no que se refere à segurança do token.

A Verge (XVG), uma das maiores concorrentes da Monero (XMR), sofreu recentemente dois ataques PoW (Proof-of-Work) bem-sucedidos, conforme informado pela Suprnova, uma das maiores mining pools de altcoins do mundo. Como se não bastasse, o ataque foi promovido pelo mesmo indivíduo que havia realizado o ataque anterior à moeda. Segundo “ocminer” na página BitcoinTalk, uma vez que nada de fato foi feito para evitar o ataque anterior, os golpistas se utilizaram de dois algoritmos para manipular a rede por conta própria, ganhando milhões no processo.

Seriam os “ataques de 51%” de fato inevitáveis às criptomoedas com menor poder computacional? Ou haveria, de fato, pouco ou nenhum cuidado com a segurança de tais tecnologias e exacerbada preocupação em garantir inovações secundárias aos novos tokens para tão somente angariar novos clientes? O lançamento de moedas como Bitcoin Gold ou Verge refletem a real necessidade de evolução das criptomoedas enquanto forma de pagamento, ou seriam apenas mais um dos milhares de mecanismos dos quais tantos desenvolvedores se aproveitam para enriquecer rapidamente às custas da confiança depositada em seus projetos?

Como é possível confiar em projetos como a Nano, por exemplo, incapaz de garantir estabilidade em sua rede? A rede do Bitcoin funciona de forma ininterrupta desde sua implementação, há quase uma década atrás. O fato de ser um projeto embrionário não serve como desculpa a erros crassos como esse.

Concorrência e livre mercado são ferramentas-chave para a manutenção da economia descentralizada. É essencial que projetos como Ethereum, Dash e Waves existam para que os desenvolvedores do Bitcoin não se acomodem e deixem de buscar inovações tecnológicas. Acontece que é possível observar gravíssima imprudência por parte de projetos que tomaram grandes proporções no sentido de garantir segurança aos investidores, sendo esta a qualidade mais fundamental de qualquer criptocurrency. Moedas como Bitcoin, Monero e Litecoin, por mais que tecnicamente obsoletas se comparadas a outras tecnologias mais recentes, conseguiram sobreviver ao teste do tempo, o mais rígido de todos. Aos marinheiros de primeira viagem neste mercado descentralizado: todo o cuidado com novos projetos é pouco.

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